Sunday, February 18, 2007

PALAVRAS

Palavras

Suas palavras frias, letais
Cremaram-me os sentimentos
Não quero cerimônia do adeus
Nem jogar as cinzas aos ventos
Ou em águas revoltas do mar
As ondas as trariam de volta
Solto meu grito de alforria
Entrego-as ao espaço infinito
Integro-as à poeira cósmica...
A outras galáxias do universo
Que sejam então engolidas
Pela fúria de um buraco negro
Que sejam imortalizadas
aqui nestes versos!

Benvinda Palma

CARNAVAL

Carnaval

Vamos desfilar os nossos versos
Carnaval, enredos diversos
No coração, na alma
Na avenida
Poetas pássaros, guerreiros
Que cantam o ano inteiro
Tecem com a palavra a fantasia
Sem plumas, paetês, purpurina
Sem máscara, confete, serpentina
com ritmo , cadência, rima
pobre, rica , rara, preciosa
Versos livres, brancos, prosa
Poemas, odes, sonetos, trova
Jogam seus devaneios aos céus
Ganham do prazer o troféu!

Benvinda Palma

DESPREZO

Desprezo

O seu desprezo
me consome
E Se você some,
fico sem chão
Sem ar
Sem fome...
Com a alma desnutrida
Tudo traz de volta você
A farda... um fardo...
No filme que passa na TV
Que frenesi...
A poesia, teu poema
O canto do bem-te-vi
A música de Vinícius
Este amor é mesmo um vício
Até um botão de Rosa
Que em meu jardim se abre
Me deixa louca de saudade-
Meu Deus ! Preciso te esquecer!

bemtevi



DESILUSÃO

DESILUSÃO
Já não sei dizer se te amo
Se finjo ou me engano
Cansada do frio que te sustenta
De ser a nuvem densa
que passeou no céu de teus sonhos
E se transformou em trevas
E em pouco tempo desaguou
Como as lágrimas sangrentas
Que meus olhos derramou.
Vivo agora das lembranças
Dos momentos que juntos vivemos
Momentos... apenas momentos
Carregados ao além-mar pelo vento
Nada restou em teu coração...
Que desilusão!
Sentimentos tão profundos
Que poderiam ter corrido o mundo
Evaporar assim.....
volatil(mente!!!)
Como perfume barato
Vagabundo...
Que evapora no próprio frasco?
Como uma estrela cadente
Que passa tão de repente
Sem deixar rastros, traços
Mas apenas o desejo
Em tê-la em nossas mãos?
Pobre ilusão!
Difícil entender
Os surtos, os curtos
O curso
dos caprichos teus
Parto com o coração partido
Cansada do frio que te sustenta.


Bemtevi

LÁGRIMAS

LÁGRIMAS

Pérola negra nas profundezas
De meus sonhos
Acordo com a lua cheia
Atrevida, debochada
Gargalhando
De minha solidão
O suor escorre em meu corpo
Surrado , assediado
pelas dores da ausência
O lençol de seda frio
O travesseiro encharcado
De lágrimas quentes--
Lavras da alma...
Suplicantes, sedentas
De teu beijo voraz
Frenético
Fugaz
Vertendo desejos vadios
Vândalos
Fêmea no cio
Face febril faz-se tensa
Saudade imensa
Arromba o coração!

bemtevi

SEDUÇÃO

SEDUÇÃO

Sei que sou pássaro ordinário
Plebeu,
Estupidamente apaixonado
Quem dera fosse ao menos canário
Do reino, da realeza
Com seu cantar lírico, dobrado
Para te seduzir com meu canto
Trazer-te para o meu canto
Fazer-te um belo recital
Mas a plumagem de pássaros raros
Glamourosos , atrevidos
Deixam-te embriagado, perdido
Roubam-te o equilíbrio
Mexem com a tua libido
Roubam-te a visão
Morrerei na solidão!

Bemtevi

MARCAS INDELÉVEIS

Marcas indeléveis

Gotas de mel
Nos parreirais
De Bento
Marcaram na parede
Do tempo
Nossos momentos de amor !


Bemtevi

LEMBRANÇAS

Lembranças

No dedilhar
das cordas enferrujadas
O som
de tuas palavras doces
E o pêndulo
do relógio a soar
Melodias de um tempo
de amor...

bemtevi

PAIXÃO

Paixão

Entre
Pássaros penas
Pintassilgos pardais
Palavras poemas
Plátanos parreirais
O pujante pulsar
Do amor a aquecer
Planos
A desfazer enganos
A brindar
O prazer puro
pleno
E a cada passo
sereno
Em caminhos plácidos
amenos
Pinceladas
de Picasso
A pintar o palco
Da paixão fugaz

Bemtevi

INGRATA PAIXÃO

INGRATA PAIXÃO


Meus olhos já não choram
Meus olhos já não imploram
Meus olhos já não buscam
A candura do teu olhar
Secaram-se os desejos
Secaram-se os sonhos
Secaram-se os versejos
Que às centenas eu teci
Para eternizar os momentos
Que contigo feliz eu vivi!
Apagaram-se as estrelas
Que derramavam lágrimas de luz
às nossas noites de amor
frenético, forte
de desejos fartos, febris
loucura!
Onde havia tanta ternura
Onde havia a essência
Que atraía nossos corpos
Com eloqüência... fissura
Para o gozo supremo -- os céus!
Hoje sinto o sabor amargo
da tua ausência
O néctar do mel foi roubado
O fel do desprezo
do descaso...
Do esquecimento....
Molha meus olhos cansados
Ofereço-me em sacrifício
Em troca deste maldito vício
E a Deus rogo a Liberdade
Quero ser queimada viva
Entrego a Ele minha vida
E sepulto junto a ela
Esta ingrata paixão!


Benvinda Palma




Amar-te

Amar-te


Amar-te é
Voar os céus
Na cauda da estrela cadente
Dançar uma valsa vienense e
Versejar na lua
Navegar nas vontades tuas
Gemer... grunhidos da loucura
Gozar... nas nuvens da doçura
E perder-se com os astros
Deixar riscos, rastros
De nosso amor no universo
E, registrado em nossos versos,
Ser-te imortalmente tua!


Bemtevi

PRA QUE MENTIR?

MENTIRA

Pra que mentir
Quando já não há mais
ternura em tuas palavras
Sorriso em teu olhar
prazer em nos falar?

Pra que mentir quando
O coração já não pulsa
Apenas o impulso faz-nos
O desejo despertar?

Pra que mentir
Quando os cacos do cristal
Esparramados pelo chão
Cortam-nos os pés
Penetram as nossas almas
Sangram nossos corações
Pra que mentir?


Benvinda Palma