Thursday, February 23, 2006

CARNAVAL

Este ano quero fantasiar-me de humano
Tantas vezes me senti um ser inanimado
Um bicho de outro planeta angustiado
Sem sentimentos, sem emoção
Às vezes sinto não ter coração!
Minha sensibilidade a zero
Não: definitivamente,
Não é isto que eu quero!
Quero transplantar meu coração
Quero partilhar alegrias
Quero esquecer que um dia
Deixei de me preocupar
Com o sofrimento de outrem
Com a dor de quem não tem
O pão nosso de cada dia na mesa
Oh Deus, quanta injustiça e frieza!
Quero matar o indiferentismo
Exterminar todo egoísmo
Que aniquila todo meu ser
Quero desfilar em outra escola
Onde o Mestre-Sala Redentor
Na cadência de Seus passos seguros
Garanta meus passos futuros
Através da lei maior: o amor!

Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Wednesday, February 22, 2006

PORTA-BANDEIRA

Porta -Bandeira

Com passos acertados,
Almas entrelaçadas
Risos, êxtase no olhar
Nudez de preconceito
Assim dançavam o mestre- sala -
Valente do samba ,perfeito
Ao som da cuíca, do pandeiro
E a pobre porta-bandeira
Que suou o ano inteiro
Em serviço bruto, pesado
Sem marido, desgraçado...
Abandonada com filho e a dor
Hoje nos movimentos levitantes
Pisa na passarela naqueles instantes
A fome, a miséria , o cansaço
Com os pés e o coração de aço
Fantasiada de uma deusa, rainha
Seduz a platéia e todo jurado
Num momento de entrega , pagão
Pra ela, um ritual sagrado
Que encanta qualquer cristão!

Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(


APAIXONADO

Uma paixão anelante
Irrompeu neste instante
Dentro de meu coração
Que fraco , mudo , frio
Arritmado e vazio
Encheu-se de energia
Deu espaço a alegria
Deixou o pesar de lado
E bateu apaixonado!
Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Friday, February 10, 2006

Sem Anjo

Aquela bala perdida
Encontrou o seu caminho
E foi parar diretinho
No estômago vazio
No corpo com fome e frio
Daquele moleque perdido
Sem lar, sem escola
De comida, só a cola
Sem anjo, sem proteção
Sem mãe, sem pai nem irmão
No bolso, nenhum documento
Apenas com seu talento
De viver assim na raça
Sob a árvore da praça
Aqui viveu seu inferno
Agora encontrou morada
Com certeza, a sagrada
E consolo do Pai Eterno!
Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Tuesday, February 07, 2006

Homenagem do grande Poeta Carlos Arthur - Rio de jneiro-RJ

Emocionado

Benvinda, te-vi
em meu ninho...
me emocionaste!

Será que os pássaros também ruborizam
com tão intensos elogios?

Quase sem palavras,
trago-te flores poéticas:
girassóis para iluminar teus vôos,
lírios a simbolizar tua pureza,
rosas vermelhas como este Albatroz
(ruborizado e envaidecido por teus versos),
e miosótis -
- para que não-te-esqueças-de-mim.

Beijos carinhosos de pássaro
Albatroz

Homenagem da poetisa Veneranda- São Paulo - SP

Minhas asas pequeninas
Me trouxeram até aqui
Atrás de um canto mavioso
Que de longe eu ouvi

Quando eu me aproximei
Procurando o passarinho
Meus ouvidos apurei...
O som vinha do seu ninho!

Fiz então um breve pouso
Extasiado de emoção
Nesse ninho tem poesia
Transformada em canção...

Com carinho,

Relóginho
))§((

Homenagem da poetisa e irmã Mayra - SP

Ah, Bem-te-vi Benvinda, irmã de sangue e grande amiga, nada pode alegrar mais o meu coração do que a pureza do seu sorriso e a doçura do seu cantar.

DOCE BEM-TE-VI

Bem-te-vi!
Bem-te-vi!
pássaro alegre
pássaro livre
canta alto
canta forte.

Emociona Tsuru
pássaro tímido
pássaro solitário
canto triste
com vontade de voar

Voar além-terra
voar além-mar
para o infinito
onde nem o sol
possa alcançar.

Beijos, amo você!!!

TSURU – Mayra Mello
Adm.SPP
))§((

Homenagem da poetisa Veca Furtado - Natal RN

Bem-te-vi

Que combinação divina:
Benvinda e Bem-te-vi.
Um canto lindo de pássaro
Num sopro de voz feminina
Tem doçura, carinho e ternura
No ninho de Bem-te-vi -Benvinda
Tem versos de açucar e candura.


Obrigada pelo carinho e muito prazer, amiga Benvinda!
Beijos e bons vôos a todos nós poetas-pássaros.

Tiê- Veca Furtado

Homenagem da grande poetisa Arlete Castro - Lisboa - Portugal

Brilha e reluz como diamante
Exala um perfume constante
Nutre de amor o seu semelhante
Vive a verdade a todo instante
Inunda os seus com carinho presente
Navega entre versos a poeta valente
Derrama sua fé e fortalece a gente
Almeja bem viver e resplandecer o que sente.

Amo-te amiga [:P]

Homenagem da madrinha e grande poetisa Christina M. Herrmann - Dusseldorf - Alemanha

Para minha querida amiga Benvinda, um haicai em italiano, con amore :)

Cuore mio, qui,
oh, querida Bem-te-vi,
tu sei Benvinda!

'^Chris-Borboleta^'
Christina M. Herrmann

))§((

Chuva

Pingos
Da chuva
Mansa
Águam
Deságuam
Enxáguam
Purificam
Refrescam
Encharcam ruas
Enchem rios e riachos
Tempestuosa,
Raivosa
Ferina
Mata gente!
Revolta o mar
Vomita ondas iradas
À areia branca da praia
Oculta a lua prateada
e as estrelas do firmamento
Inunda cidades com o vento
Deixa rastro de destruição
Mata crianças e velhos
Deixa viúvas na solidão
Mães sem filhos desesperadas
Órfãos desamparados
Torrencial,
Frenética
Copiosa
Abastece os açudes
Mata a sede!
Mata a fome!
Fecunda a terra árida
Favorece fartura
Frutos. Flores.
Forragem.
Outras culturas!
Preguiçosa,
Fina
fresca
A uns traz o tédio,
A outros, o remédio
Mostra o arco-íris
Desperta o amor
Alegra os que vêem
No ritmo lento,
compassado
de seus pingos
Um real motivo para
Simplesmente sonhar!

Benvinda Palma

Poesia

Poesia pra mim é pura arte
É o belo que arrebata
A palavra que arrebenta
E me leva à presença
De um Ser superior
Quando escrevo os meus versos
Traduzo no papel (na tela)
Coisas daquele momento
Que trago com sentimento
Levada pela inspiração
Na verdade só sei fazer poesia
Das coisas do dia-a-dia
Das coisas do coração!
Versos livres sim me prendem
E sempre me surpreendem
Tocando a minha emoção
Como a música erudita
No recôndito da alma
Deleite supremo que acalma
E enternece o coração!
Bem-te-Vi_Benvinda Palma

Sonho

Sonho de José Leite Carvalho
O autor desta poesia, meu querido e saudoso avô materno, já partiu pro outro lado, mas deixou grande legado, a mim e a todos os seus, com o grande talento que Deus lhe deu!

Sonho

Sonhei que tinha morrido
de pressa subi ao céu
São Pedro fez um tendéu
mandou voltar para trás
de ordem do Pai Eterno
teu lugar é no inferno
lá junto do satanás
eu perguntei Senhor São Pedro
qual o mal que fiz na terra
se Deus é justo e não erra
São Pedro está enganado
Na terra só fiz bondade
aos pobres fiz caridade
desconhecia o pecado
Olhei para Lúcifer
só vendo que coisa loca
pondo fogo pela boca
fedendo enxofre queimado
dizendo venha comigo
eu fui sempre teu amigo
e sempre estive a teu lado
Seguimos por esta estrada
cravejada com diamante
segui correndo adiante
e o cão corria atrás
dizendo vamos com calma
está entregue a tua alma
para o rei do satanás
de longe eu avistei
um grande portão de ferro
ouvia gritos e berros
e também ranger de dentes
era o guarda do portão
em cada lado um dragão
e uma enorme serpente
Quando ele quis me pegar
dei um pulo para trás
eu gritei sai Satanás
e por Deus então clamei
gritei por Nossa Senhora
Nisto bateu sete horas
neste momento acordei!

Perdas

Perdemos a memória
Sem escrevermos nossa estória
Perdemos a paciência
Com tanta incoerência!
Perdemos a razão
Quando só ouvimos o coração
Perdemos a emoção
Quando sequer ouvimos o coração
Perdemos o juízo
Quando amor chega de improviso
Perdemos a liberdade
Quando nos invadem a privacidade
Perdemos o nosso tempo
Com vãs filosofias, falsas ideologias.
Coisas efêmeras, do momento
Perdemos o emprego
E com ele o nosso sossego
Perdemos qualidade de vida
Se as leis naturais são infringidas
Perdemos o entusiasmo
E a vida se torna um marasmo
Perdemos um ente querido
E ficamos com o coração partido
Perdemos nossa auto-estima
E isto nos desanima
Perdemos nosso senso de humor
E a vida do próximo se torna um horror
Perdemos o ônibus, o trem, o avião.
Mas isto tudo tem solução!
Não podemos perder a esperança
De que a cada nova manhã
Haverá um feixe de luz
Para iluminar nossa caminhada
E suavizar a nossa cruz!

Bem-te-vi - Benvinda Palma

Acróstico para Mariana

MARIANA
* Bem-te-vi - Benvinda

Minha menina, minha princesa
Doce criatura, de rara beleza!
Olhos negros, que expressam o afã
De ver, sentir e crer no amanhã

Amanhã será um novo dia
O nosso músico poeta já dizia
Mas você está sempre antenada
Pra não ter surpresas que nada!

Rindo, alegre, desperta, alto astral
Assim você sempre começa o seu dia
Para esquecer os momentos de melancolia
E não perder a sua ternura angelical

Indelicadeza da minha parte
Contar aqui as suas artes
Quando você ainda era criança
Nos seus anseios, nas descobertas
Nas dúvidas, curiosidades e horas incertas

Ainda me lembro de seu primeiro balbuciar
Você era tão pequena, tão meiga
Tão linda, tão calma e serena.
Tinha apenas alguns meses de existência
E já ansiava se comunicar, expressar
Sentimentos, desejos, inteligência!

Nessas incansáveis tentativas
Pa- a - pá, mã- a- mã, vô- o- vô, Tô,
Foram suas primeiras palavras!
O maninho você encantava
A mamãe você extasiava
E o papai você alegrava!

Ah, que saudades agora sinto
Ao vê-la desabrochando
Transformando-se em mulher
Abrindo o coração para o amor
Como se fosse uma linda flor.
Má, Mazinha, Mari, filha querida
Que no jardim de sua vida
Ainda nas horas doridas
Saiba colher flores de alegria
Não esquecendo a fantasia
Seja ela como for!

Benvinda Palma

Acróstico para Valéria

Valéria

Voa livre, bela e serena como uma borboleta
Alto e forte, com a visão de uma águia.
Como borboleta para não perder a ternura jamais!
Como a águia, para te desviares dos meteoros fatais

Acredita nos valores absorvidos
sabiamente nesses anos vividos
Em profundo aprendizado
nos bancos escolares e nos livros
Mas não esqueça também
dos ensinamentos simples recebidos
Ainda pequenina, nas estórias e orações
Da mãe que tanto lhe quer bem!
Lá nas entranhas do coração!

Luta, a vida é um desafio
Mas não queira reter
os louros da conquista
Em tesouros escondidos
dentro de seu coração!
Saber partilhar o sucesso
É mais que sabedoria
É brindar com alegria
É doar-se com gratidão

Ensina a lição aprendida
Com o teu dia-a-dia,
tua experiência de vida
Tua intuição de mulher e mãe!
Teu exemplo é fruto da semente
Que plantaste sabiamente
Um legado que deixarás aos seus
Um presente de nosso querido Deus!

Ri, saber sorrir é preciso
Ainda nos momentos indecisos
Nos momentos de muita dor!
Extrair da tristeza a alegria
Faça desta arte sua filosofia
E nunca guardes o rancor!


Incentiva a ti mesma
a trazer sempre contigo
um largo e descontraído sorriso.
Teu semblante , tua aparência
Espelhará a tua alma
Que feliz, tranqüila e calma
Desfrutará da vida a essência!

Ama, amar é a chave de ouro
Amar é o segredo da felicidade plena
É muito mais que acertar na sena
que encontrar um rico e cobiçado tesouro!

Benvinda Palma

Tempo

Queria correr atrás do tempo.
Queria atingi-lo , detê-lo.
Queria congelar aquela imagem.
Já não era possível.

Ele é veloz
Ele é volátil .
Ele é fugaz!
Ele é implacável.
Ele é cruel
Ele é tirano!

Corria
Ávida e
trepidamente,
sem ar,
aflita,
sufocada
asfixiada,
Infartada!

Trombos duros,
Gélidos, purulentos
obstruíam-me as veias

Meu coração
Fraco
frágil,
frio.
Sem consolo
sem esperança,
sem sonhos

Queria voar.
Como uma borboleta.
Pousar nas estrelas
Sugar-lhe o brilho,
Tirar-me das trevas

Ele me venceu.
Fiquei perplexa
Impotente com sua soberania.
Sua ousadia!
Ouvindo o tic-tac do relógio
Na sala de jantar !
(*Bem-te-Vi - Benvinda Palma

Beija-flor e a Rosa

Beija-flor pousa
Rosa em botão
Renasce a esperança

Benvinda Palma

Monday, February 06, 2006

Precipício

A poesia tocava a alma
Como os acordes de um violino doce, suave
Sentimentos das entranhas, profundos
Voava ao sabor do vento, serena como aves
Mostrava um semblante belo, jucundo
Assim apresentou-se desde o início
Mas o véu que lhe ocultava a sordidez
Foi-lhe roubado, que insensatez
Empurrou-a a um precipício!

Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Notívago

Notívago

A noite fascina , inebria
os amantes da escuridão
Que se encantam pela magia da lua
Que se derrama às águas do mar
Trazendo a alma da solidão
Doce, leve, cheia de encanto, nua
Enlouquecendo de desejo
Poetas e seresteiros apaixonados
Boêmios alucinados
Seduzidos pelo cheiro
Embriagador da nostalgia
De um tempo abortado, perdido
Tragado em um gole de cachaça
Traçado em uma taça de melancolia
Notívago revive o ritual da desgraça

Benvinda Palma

Acróstico para Arlete

Além do arco-íris e das estrelas cadentes
Reluz um Anjo, um arcanjo, um ser diferente
Leve leva suas asas e plaina entre nuvens suaves
Encanta a todos os astros celestes e também as aves
Traz Paz a todos os amigos poetas desta comunidade
Enriquece o amor e estreita os laços da amizade!

Benvinda Palma

Sonhos

Viver
Fantasias do amanhã
Que brotam ao morrer a tarde
Que são geradas nas entranhas
De nossos desejos
No âmago de nossos anseios
Em cada célula do sangue
Que percorre as veias da alma
Que saltam ao coração
Alçam vôos dos griffon
E balançam nas estrelas
Brincam com os anjos
Repousam entre nuvens
Derretem-se de amor
E caem em solo firme
Molhando o terreno árido
De nossas vidas!


Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

O mar

O sol brilha forte, farto, bravo!
Aquece as águas diáfanas dos rios
Que correm intrépidas, ansiosas
Rumo à imensidão cristalina dos mares
Para serem defloradas por este menino
De apetite voraz, vulcânico, felino
E regurgitadas pelo furor de suas ondas claras
Claras em neve, batidas por suas mãos longas, lássidas
Batidas por minha mãe, linda, lânguida, lúcida!
Que terna lembrança de minha infância
Você me traz oh mar misterioso!
O que escondes nesta tua fúria?
O que trazes neste vai-e-vem frenético das ondas?
O que queres de mim, apenas um minúsculo ser
Que te contempla e se contenta
Em apenas ouvir o seu bramir
Que ensurdece o meu existir?
Talvez queiras meus sonhos tragar!
Que se quebram , se arrebentam
Como castelos erguidos sobre a areia da praia
Sugar minhas forças, exaurir meu sorriso!
Apagar minha estória escrita aqui.
Tu me contemplas, audacioso.
Com olhos multicolores , hipnóticos!
Sou um grão de areia esquecida
nas profundezas de suas águas geladas!

Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Amor fugaz

Um amor fugaz
Que vai e vem
Que entra e sai
Que chega e vai
Às vezes fica
Mas se esvai
Como a chuva de verão
Surpreende, sem avisar
Às vezes com furor
Com ímpeto de molhar
Às vezes mal consegue
o telhado dos sonhos
despertar
Um amor suave
Que às vezes toca
Às vezes a alma roça
Às vezes ilumina a vida
Um amor de verdade
Sem igual, sem medida
Mesmo chegando assim
Com pressa
Sem cumplicidade
Como beija-flor
Possa deixar saudade
Dar sentido à vida
Sepultar este torpor!

Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Lembranças II

Ternas lembranças
Levam às membranas
De meu cérebro amortecido
Sonhos esvaecidos
Amores esquecidos
Escondidos em algum lugar
Ah! parceiro hipocampo
Vejo agora o verde campo
Vejo estrelas a brilhar
Quando a massa cinzenta
Amiga solidária se alimenta
De sonhos e fantasias
Ajuda-me a recordar
Vejo a ameixeira florida
Ouço o insubordinado vento
Despetalando suas flores
Desfazendo mil amores
De doce sabor singular
Quando a massa cinzenta
Pérfida, traidora , se alimenta
De pesadelos noturnos
Ajuda-me a recordar
Sinto o perfume
De teu perfume
Em meus lábios exalar
Sinto tua presença aqui
Desiludido
Dilacerado
Distante
Que vento te carregou?
Em que estrela foste habitar?


Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Homenagem aos Pássaros

Hoje quero homenagear
Todos os pássaros companheiros
Que me alegraram o ano inteiro
Com os mais variados cantos
Em todos os ritmos, em todos os tons
Com todos os acordes, do mais puro som
Em todos os compassos e mais bela harmonia
Formando exuberante e grandiosa sinfonia
Trazendo alegria a esta encantada floresta
Anestesiando um pouco o sofrimento
Fazendo renascer nobres sentimentos
No povo sofrido de nosso querido Brasil!

Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Solidão

Verão virou o vaso
Flores ressequidas
Exalam odor do vazio

Benvinda Palma

Visita do Beija-flor

Sou sugada pelo beijo
Do beija-flor atrevido
Atraído transporta
Doce néctar da flor
De meu açucarado coração
Que pulsa no compasso
Da tresloucada paixão
Que treme de ternura
Que sonha, fantasia
Que sente a alegria
De alojar a emoção
Que prenuncia
Uma nova fase da vida
Engravido do amor!

Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Janela da vida

Hoje abri a janela da alma e deixei entrar
Os raios dourados do tímido sol
Que entre nuvens densas sufocantes surgia
Querendo roubar-me o sabor da fantasia
Hoje abri a janela da alegria
Sufocada pelo sofrimento atroz
Que a melancolia voraz me trazia
Hoje abri a janela do desejo
Despertado por aromas e cheiros
Das flores de minha infância
Do jardim da inocência
Lírios, margaridas, hortênsia
Hoje abri a janela da esperança
Deixei entrar todos os sentimentos
Que irmanados, entrelaçados,
Bombardeiam o sangue do coração
Seco, arritmado pelo descompasso
da anemia e frieza da emoção
Hoje abri a janela dos sonhos
Trouxe planos frustrados, adiados
Guardados no baú do inconsciente
Regurgitados pela energia vital
Ressuscitados pelo amor latente
Fortalecidos pela força sobrenatural!
Hoje eu abri a janela da vida!
Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Luz

LUZ


Luz que clareia o caminho
Dos que andam na escuridão
Luz que silencia e acalma
O clamor aflito da alma
Luz dos que vêem no amor
O sentimento que
impulsiona a vida
que move e remove
Toda dor , toda ferida
Que dilacera o coração!

Benvinda Palma

Esperança II

Um Ano que se veste
De plumas e paetês
De branco
Lírio da
PAZ
Tão sonhada
Tão distante
Tão festejada
Chuva
De champanhe
Crystal
De pobres sem TV
Água contaminada
Farinha
Fome
Febre
Fraqueza
Carnaval
Futebol
Ilusão
Adeus
Ao velho amigo
Que parte
Destarte
Saudade
Solidão
Sonhos
Nasce outra
Menina
Esperança
Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Geometria do poeta

Não sei nada de geometria
O que gosto mesmo é da poesia
Posso tentar escrever aqui
Sobre as linhas tortas da vida
Dos quadrados que nos aprisionam
Deixando-nos solitários
Como aquele triste canário
Que canta de tanta tristeza
Ao contemplar a natureza
Sem poder dela desfrutar
Enfrentando humilhado
A triste e vil situação
Onde a parceira querida
Pelo canto do outro seduzida
Fere-lhe com a pior arma: traição
Vivendo um triângulo amoroso
Que lhe tira o canto choroso
E lhe apunhala o coração!

Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Esperança

Um ano que se vai
Deixando-nos já,
saudades
Do que fizemos
Do que tivemos
Do que planejamos
Do que realizamos
Do que esperamos
Do que ganhamos!
Do que partilhamos!
Um ano que se vai
Deixando-nos já
A esperança ,
Do viver
Do sonhar
Do realizar
Do conquistar
Do crescer!
No que breve
Irá nascer!

Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Voar

Voar, voar, voar....
Sem destino, sem pressa, sem medo
Voar para além do azul celeste
Voar para o sul, para o norte, para o leste
Voar como pássaros, em revoada
Voar sozinho, na solidão da noite
Ouvir o som dos ventos uivantes
Acolher o seu frescor inebriante
Roubar da estrela cadente
O brilho resplandecente
Ou voar livre, simplesmente
Em busca de um pouco de Paz!
Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

A Lenda de Mayra

Uma índia
Que a minha lenda conta
Ter-se transformado em linda conta
Com as lágrimas derramadas
De alegria e contentamento
Após ter entregue o seus sentimentos
Aos pássaros e animais
Em especial ao Tsuru
Que viviam naquela floresta
E estas contas unidas por fios
De seus longos cabelos esguios
Transformaram-se em rosário
Colocado no alto de um campanário
Que ao repicar os sinos
Trazia aos peregrinos
A Paz no coração !
Benvinda Palma
Adm.SPP

Reflexão

Onde está o seu Jesus?
No corre-corre do dia-a-dia?
Em cada manhã que se inicia?
No frenesi da preparação
De presentes e amigos secretos
Da festa de confraternização
Não quero ser indiscreto?
Onde está o seu Jesus?
Na árvore de Natal suntuosa
Com bolas coloridas reluzentes
Na base repleta de presentes
Refletindo a sua imagem
Ou morto naquele presépio?
Montado mais para o elogio
De gesso, ramos secos, frio
Sem o calor humano de alguém?
Como aconteceu em Belém?
Onde está o seu Jesus?
Na face daquele irmão que sofre?
Na face daquele irmão que nada tem?
Sem teto, sem emprego, sem ninguém?
Na face daquele irmão que te magoa
Na face daquele irmão que você não perdoa
Na face daquele irmão que te explora?
Onde está o seu Jesus?
Na face daquele irmão que chora
Perambulando na noite fria, congelado
Sem amparo, sem consolo, abandonado?
Na face da criança maltrapilha , descalça
Que ao invés de estar na escola
Vive nas ruas, cheirando cola
E você finge não ver
Para não se comprometer?
Onde está o seu Jesus?
Na face do irmão da caatinga
Que faminto morre a mingua
Sem a solidariedade
De nossa sociedade
Do povo que faz as leis
E que detém o poder
No Palácio como reis
Insensíveis ao pobre indigente
Que sem pão, sem arroz, sem feijão
Passa à água e farinha somente!
Onde está o seu Jesus?
É tempo de conversão
Deixe brilhar em você
A Luz que Dele emana
Para poder enxergar
A dor deste teu irmão!
Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Advento

Nesta época de advento
Transfira tudo aos quatro ventos
Limpe, esvazie o seu coração
De todo mal sentimento
Delete as palavras
De ódio, raiva, rancor
Selecione as que lhe trazem
Paz, alegria, amor!
Arquive em sua memória
Apenas
Lembranças singelas , amenas
Que possam compor sua estória
Salve-as em um disco de carne
que não seja rígido ou hard
Busque a chama sagrada que arde
E salve-a em seu coração!

Benvinda Palma

Ao mestre do humor

Risos soltos,
Puros, sinceros
Que trazem
Alegria,
contentamento
aos grandes
aos pequenos
aos sábios
aos loucos
aos serenos
Risos soltos
Baixos, altos
Amenos
Ecoavam
no palco
Sem pausa
Sem pressa
Sem estresse
Sem cansaço.
Nervos de aço
Uma lágrima .
Lúgubre sobre
A tez coberta pela
Máscara da alegria
Que assim escondia
Sua profunda dor!
Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Passos Livres

Como giram os
Girassóis amarelos
Doces, dourados,
Intensos, encantados,
seduzidos pelos raios de luz
Da nossa estrela maior
Espalhando sementes
Por todos os lados
Assim gira meu corpo
Em movimentos circu(lares)
Estonteantes, espetacu(lares)!
Feito bailarina, feito gelatina
Rodopiando, tremendo
De emoção, de encanto
Com passos livres,
Leves, levitando!
Em todos os cantos
Um balé clássico
No palco sagrado
Singular, plácido
Em sintonia com a Luz
Que desce dos céus e
Semeia calor
Semeia Paz
Semeia o amor!
Em todos os lares.
É NATAL!
Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Canto para Mayra

Mayra

Bem-te-vi passou em teu ninho sagrado
Ficou muito triste, decepcionado
Pois lá não havia ninguém!
Será que terias partido?
Sem deixar-me um Adeus?
Então me pus a fazer uma prece
Pedindo a Deus que tu logo regresses
Para a grandiosa festa
Que haveria na floresta
No dia de seu aniversário
Onde cantariam o sabiá, o canário
Enfim, todos os passarinhos
Que visitarem teu ninho
Para teu dia alegrar!
Não esquecendo da madrinha
Que voaria radiante, com pólen
De carinho e amor no coração
Para dar um toque de rainha
À nossa confraternização!

Bem-te-vi – Benvinda Palma

Faltam estalagens

A noite adormecera
O frio intenso congelava
O corpos lassos de Maria e José
Caminhando, trôpegos, sôfregos,
À procura de uma estalagem
Onde ela pudesse dar à luz Aquele
Que seria o Salvador da humanidade!
Não havia lugar!!! As portas foram
Fechadas para o Messias!
Estavam lotadas todas as hospedarias!
O tempo corria, o homem fugia!
Não havia espaço para a solidariedade!
José, preocupado com a dor que,
de minuto em minuto, crescia,
Caminhava apressado, cansado!
Quem sabe carregando Maria, já frágil,
à procura de um canto onde pudesse
ao menos acomodá-la para que o menino
Viesse ao mundo para cumprir
Sua missão: a redenção da humanidade!
O tempo passando,
Maria sofria
Com as forças exauridas.
Gritos de dor,
Calafrios
Lágrimas banhavam
Sua face
Terna
Tensa
Tênue
Santa!
Encontraram finalmente, uma estrebaria!
Sim, um estábulo, onde dormem os animais!
Ali acharam hospitalidade, aconchego, calor.
Ali encontraram solidariedade, dos irracionais!
Foi ali, sem assistência, sem assepsia, sem conforto.
À luz das estrelas, do luar e dos anjos!
Que veio ao mundo Cristo, o rei de Israel!
O Mestre dos Mestres, o Emanuel!
Sem berço, sem colchão, sem faixas,
Envolto apenas em pedaços de panos
Reclinado sobre uma manjedoura!
Por sua mãe, Maria, nossa intercessora!
Uma lição de simplicidade, de humildade!
Ainda não aprendida pelo homem racional!
Aquele cujo trono fora o madeiro
Aquele cuja coroa foram espinhos
Aquele cuja água, fora o vinagre, o fel
Aquele cuja dor fora além do limite de suas forças
Para lavar nossos pecados com seu precioso sangue
Para deixar-nos uma mensagem de vida plena
Para deixar-nos a lei maior, o amor.
Para deixar-nos a luz que tira das trevas
Para deixar-nos a salvação!
Ainda hoje o homem não lhe
dá espaço para a redenção,
abrigo ao seu Santo Espírito
Faltam estalagens!!!
Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Canto para Tsuru

Tsuru
Bem-te-vi se extasia
Com a sua alegria
Com o seu vôo rasante
Extasia-se com o branco
De suas asas tão puras
Que mais parecem a neve
Bem-te-vi nem se atreve
Comparar-se a sua ternura!
E à sua força do amor que cura!

Benvinda Palma

Paz Infinita

Quero combater o fogo voraz da melancolia
Estancar as chamas que se alastram em mim
Devorando, consumindo as minhas emoções
Quero combater esta letargia
Quero arrancar este traje puído
Que envolve as membranas da alma
Vesti-la com um traje de gala
Quero estancar o sangue da ferida
Aberta , exposta a pensamentos que
Comem, corroem, consomem e
Impedem que raios de Luz
Habitem o meu templo sagrado!
Quero navegar nas ondas plácidas
de Seu Santo Espírito !
Deixar-me lavar pela brisa serena
Quero entregar-me, arrebatar-me
Render-me à Sua paz infinita!
Bem-te-Vi_Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Canto

Nada tenho
Além do meu canto
Em meu humilde canto
Que busca o encanto
Em todos os cantos
Em todas as vozes
Em todos os tons!
Canto o amor
Canto a paixão
Canto a dor
Canto a solidão
Canto a nostalgia
Canto a alegria
Canto a esperança
De quem não se cansa
Da vida cantar
Cantar o prazer
De viver cantando
E de nunca cessar!

Bem-te-Vi_Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Canto para albatroz

Sou um simples passarinho
Que ao pousar em seu belo ninho
Tive vontade de ali ficar
Algo me chamava atenção
Não sei se seria seu canto
Ou simplesmente uma forte paixão
Pelo seus versos livres, eruditos
Que eu, seduzido, acredito
Tive vontade de chorar!
Ao ouvir tão sonoro canto
Quis dele extrair a essência
Quis ser fã de sua excelência
Quis seu discípulo me tornar!
Bem-te-Vi_Benvinda Palma
Adm.SPP
))§((

Ave á(vida)

Sou ave
Á(vida)
Por vida
Sou ave
Ferida
Por fera
Ferina
Sou ave
Com as vísceras
violentadas
dilaceradas
pela dor
Sou ave
Com visão
Turva
Reflexo
Dos raios
De egoísmo
Indiferença
Ambição
Soberba
Vaidade
Injustiça
Competição
Preconceito
Ódio
Violência
Corrupção
Ganância
Inveja
intolerância
Do homem
Selvagem
Sou ave
Á(vida)
Por um canto novo
Doce, sutil, suave
Que tocasse o amor
Na mídia universal
Não ganhasse
Grana, Grammy
Mas o coração
da humanidade!

Bem-te-Vi_Benvinda Palma
Adm.SPP
))§(

Desejo

Quero a alegria
De um palhaço
Transformar meu peito de aço
Em flocos macios de algodão
Sorver da vida o melhor
Pois a vida é um leve sopro
E não existe nada pior
Que alimentar com o ódio
As fibras do coração!

Bem-te-Vi_Benvinda Palma
Adm.SPP

Bico Sagrado

Voa pombo-correio, rápido!
Mostra a tua eficácia,
Voa como um jumbo, jato
ou supersônico , ou ainda
Como correio eletrônico
Retoma a tua função
Não será uma falácia
O sonho não será malogrado
O mundo aguardo ansioso
O teu vôo milagroso
Traze em teu bico sagrado
Em teu vôo majestoso
Uma mensagem de PAZ!

Benvinda Palma

Canto para Reloginho

Veneranda

Tu és um pássaro pequenino
De peito lindo, amarelo!
Não por acaso, Reloginho
Mas brilhas como ouro
E ganhar você por amiga
Foi como encontrar um tesouro

Tu és um pássaro habilidoso
Perfeccionista, caprichoso
Teces teu ninho com lindos raminhos
Teces teu canto piano com expressão
Teces teu ninho com muito carinho
Teces teu canto com grande emoção
Como o ruído de quem te dá corda
Mas que, serenamente nos acorda
Com uma linda e suave canção!

Bem-te-Vi_Benvinda Palma
Adm.SPP
))§((

Grande Espetáculo

Voar
Soltar-se
Elevar-se
Ver por cima
De nuvens brancas
fofas macias
O que há tempos não via
O verde das florestas
Os pássaros com euforia
Cantando com a
Grande orquestra
Composta de
Instrumentos da natureza
Incomparável beleza!
Na percussão
Está o temível trovão
No sopro
Está o vento
Com seu exímio talento
E harmonias atrevidas
Acompanhado dos sons
De riachos e cachoeiras
Que com grande maestria
Completam a sinfonia

O arco-íris,
A grande tela da
Mãe-natureza
Nos enche de encanto
E de suprema beleza
Enfeitando o horizonte
Com turbilhão de cores calmas
Trazendo paz
E refrigério às nossas almas

E as borboletas cintilantes
Dançando alegres, esvoaçantes
Ao redor das flores do campo
Em seus tabernáculos!
Completam o grande espetáculo

Bem-te-Vi_Benvinda Palma
Adm.SPP
))§((

Bicho Homem

Corre, foge!
Olha o fogo
Olha a árvore
Olha o homem!
Olha o machado
Olha a faca afiada
Olha a máquina
Olha a moto-serra
Estamos em guerra!
Corre
o homem pega!
Foge
O fogo consome!
Devora
Destrói
Dizima
O animal
Acuado
Extirpado
Felino
Ferido!
O homem
Mata
Mata sua fome
Vende sua pele
A Maison agradece
Dizima a espécie
O homem irracional
Atrás do vil metal!
Benvinda Palma

))§((

Canto para Veneranda

Se tu não fosses poeta
Cuja sensibilidade
aguça todos os sentidos
Diria que Deus te dera
O dom da Revelação
Quando escrevo os meus versos
Escrevo-os com sentimento
Muitas vezes, com lágrimas
e outras com gemidos
Que saem da alma num triste lamento!

Veneranda, venerada serás
Por todos os passarinhos
Que visitarem o seu ninho
Amantes da poesia e poemas
E, num dia de grande festa,
Com a presença de todos,
inclusive da minha,
serás coroada com diadema,
pois desta arte tu és a rainha!

Benvinda Palma

Canto para poeta Leila

Obrigada por seu carinho
Obrigada por visitar meu ninho
Modesto, sem nenhuma exuberância
Mas que abriga um pássaro artesão
Que apenas quer mostrar seu canto
Ora tímido, ora forte, ora de lamento
Neste universo de infinitas vozes,
de naipes e timbres diferentes
Mas que canta tão-somente
Aquilo que realmente sente!
Seu desejo, porém,
Vai muito mais além
De se entrelaçar com
outros pássaros amigos
Formando um grandioso canto coral
Onde cantaria árias e canções
Que expressassem o belo
com fraseado singular, pleno
Que tocasse o âmago dos corações
Que tocasse a alma de vassalos e reis
Regido não apenas pelo Grande Maestro
Mas , sobretudo, pela maior lei: o amor!

Canto da Saudade

Longe, bem longe estás agora
Nos braços de Nossa Senhora
Perto, bem perto, agora moras
Tu foste tão cedo, tão abruptamente
Não nos deixaste nem tempo pra despedida
Agora estamos aqui, desolados, sem guarida
Mano-véio, mano novo, por que fostes embora?

Tristes momentos quando partistes
Muita dor, desespero, fé, lamento
Muita reza, muitas promessas,
preces ao vento!
Deus se quer deu-nos um tempo!
Foram quinze dias de agonia, de calvário
Tudo começou na quarta- feira de cinzas
Depois do Carnaval, depois da alegria!
Depois daquela infausta cirurgia
Foram quinze dias na Unidade Intensiva
Foram quinze dias de intensiva luta, batalha
Máquinas frias, glaciais,
roubaram-te as funções vitais
Quantas horas daquela funesta hemodiálise
Quantos exames de sangue para análise?
Quanta expectativa de vida?
Quanta esperança na recuperação?
Quanta negligência, falha humana, decepção!
Foram horas de desespero, de muita aflição
Bactérias assassinas, oportunistas,
Desumanas, insensíveis, golpistas
Devoraram seu corpo fraco, frágil, febril
Sem nos pedir ao menos permissão
Sem o menor pudor
Sem se preocupar com a tua missão
Sem se preocupar com nosso imenso amor!
Sem se preocupar com a tua vida!
Foi erro médico ou culpa da bactéria suicida!

Agora meu afã de te ver
Meu afã de conversar
Meu afã de desabafar
Meu afã de te tocar
Meu afã de simplesmente falar
Meu afã de ouvir tuas risadas
Meu afã de ouvir até suas broncas
Meu afã de ouvir tuas piadas
Meu afã de ouvir tuas rimas
Meu afã de ouvir tua imitação
Tudo se torna em vão!

Oh! quanta saudade!
Que ainda hoje invade
O coração de todos nós
Espero que aí de cima
Você esteja fazendo rimas
Para nossos corações alegrar
Pois seu espírito de menino
Sabia até os momentos tristes
Em alegria transformar!
Benvinda Palma
))§((

Chuva Assassina

Uma boneca.
Uma linda boneca, de verdade!
Uma boneca de olhos azuis, de vidro!
De cetim rosa seu vestido
Sapatos brancos, de bailarina!
Uma boneca cobiçada, de vitrina!
Este era o sonho daquela menina!
A mãe, pobre, vendia ovos caipiras.
Para um certo caixeiro- viajante
Que amiúde passava com alto-falante
Vendendo e comprando mercadorias.
Depois de meses de economia
Chegara o grande e tão esperado dia!
De acabar de vez com aquela agonia
De ver a filha doente, com lombrigas
Febre e fortes dores de barriga!
Os olhos anêmicos, opacos, agora
Brilhavam, como os raios de sol da manhã
Uma coisa de louca!, uma coisa de louça!
Não, não era, de gesso, ou papelão?
Mas não houve advertência
A mãe e a boneca sem instrução!
Aí, numa tarde quente de verão
A chuva tempestuosa, cruel, ingrata
Foi a grande assassina, insensata!
Tira daquela menina inocente
O sonho de tão-somente brincar!

Benvinda Palma

Nostalgia

Nostalgia

A noite nasce melancólica
As estrelas brilham pálidas no céu
Ouço o canto triste de uma cigarra
Com as notas prolongadas de um tenor
A solidão repousa comigo, fiel
Nada me tira deste estado de torpor
Ora um sonho decrépito,
ora a imagem refletida no espelho
da vida pérfida. Cenas de um amor
em um passado remoto, recente
Neste momento, em mim presente
Como um verme ,devorando
ávida e deliciosamente
Cada célula de meu ser!
Meu Deus, ensina-me a esquecer!

Benvinda Palma
))§((

Filhos

Amei-os com a força
De uma fera indomável
O coração em ritmo desordenado.
Bombeando nas veias o amor

Nada havia
Além de vocês
Neste planeta
No universo !
Entreguei-me inteira,
Como me entrego a esses versos
Deixei sonhos para trás,
adiados, esquecidos, perdidos
Para vivê-los com a sabedoria de um sábio
A paciência de um monge
A ousadia de um cego na direção
Com a paixão abrasadora do adolescente
Para vivê-los amanhã, quem sabe,
Morrer com eles dentro de mim
Sepultá-los em meu caixão
Levá-los para eternidade, enfim!

Hoje penso que tudo foi em vão.
Surpreendeu-me o desabafo
Agora, já nem sei o que faço!
Fiquei nocauteada!
Pensamento paralisado
Alma dilacerada
Coração petrificado!

O peso do fardo fatigante
Desafiou a física
A dor pungente
Deixou-me amarga
Rude, azeda, doente!

Não consegui.
Falhei.
Faltou mel. Sobrou fel.
Exagerei no tempero.
Coloquei pimenta demais!
Aí a comida foi indigesta.
Causou náuseas.
Úlceras na alma
No coração!

Pelos erros,
pela covardia,
pelo fracasso
Peço-lhes, então
ainda que tarde,
Perdão!

Benvinda Palma

Descaso

Agreste agredido
Fogão improvisado
Brasas acesas
Sem comida na mesa
No almoço
Farinha e água
No jantar
Água e farinha
Na boca nem dentes tem
Precisaria deles alguém?
Fome!
Pés descalços
Bichados
No ventre lombrigas
Dor!
Vida sofrida
Mãe Sem leite
Sem coragem
Forças exauridas
Filho fraco
franzino
Desnutrido
Desprotegido
Pobre menino
Desamparo!
Água secou
Chuva sumiu
Preces ao vento
Santa Clara
Não ouviu!
Sede!
Descaso, abandono
Do governante vil!
(Benvinda Palma)
))§((

Hortência

Se margaridas brancas
exprimem a inocência
As violetas a fidelidade
Os cravos a distinção
O que expressaria a hortência
Que Com tanta delicadeza
Seduziu meu coração!

Benvinda Palma

Vaidade Vadia

Ainda menina franzina
A vaidade seduziu meu coração
Amava passar nos lábios batom
Amava colocar sandálias nos pés
Encardidos de barro marrom
Amava usar colares
Amava pintar as unhas
Mas não tinha nada disso não!
Dinheiro curto, desejo ardente
Mamãe não podia me dar presentes
Criatividade tinha de sobra
E a matéria prima era copiosa
Bastava ir ao jardim ou campo
Ali estava a fonte de todo encanto
O batom não era da Revlom
Mas da semente do colorau
O esmalte não era da Natura
Mas de pétalas de malva escura
As sandálias de folhas do lírio branco
Pareciam sandálias egípcias, um encanto
Nem Cleópatra calçou uma tão original!
Os colares, feitos de talos de aipim
Colhidos carinhosamente por mim
Quanta alegria, quanta satisfação!
Tudo fruto da terra, da roça, do coração!
Não eram importados da China, do Paraguai
Mas plantadas por minha mãe e meu pai
Assim eu era feliz, criava minhas fantasias
Protagonizava minhas peças vadias
Que pra mim eram dignas de um Oscar!


Benvinda Palma

Troca

Troquei os pés pesados
Cansados de caminhar
Por pés leves, flutuantes
Para tocar nuvens brancas
Como flocos de algodão
E lá deixar-me embalar
Em serenos devaneios
E meu mundo encontrar!

Benvinda Palma

Busca

Mordo os lábios
Ranjo os dentes
Contorço-me
Uivo aos ventos
Exaspero-me
Lágrimas lúgubres
Lubrificam
Meu corpo lasso
Dores latejantes
destroem
corroem
cortam
sangram
meus sentimentos
Longe
Estás
Procuro-te
Disperso-me
Esvazio-me
Encho-me
De Tédio
Tortura
Treva
Temor
Transe
Tranco meu coração
Travo os vidros
Da alma
Perco-me na solidão
Buracos negros
Sugam meus sonhos
Letargia
Loucura
Alucinação
Maremotos
De emoção
Labirintos
Quero voltar
Quero sonhar
Quero viver
Encontro um farol
Este farol é Você!

Benvinda Palma

Bonecas brasileiras

Ah! que saudades de minha infância!
Bonecas tive em abundância
Nem eram inglesas ou suecas
Nem também eram de trapo
Mas feitas com muito carinho
Com aquele especial jeitinho
De Deus e da mãe-natureza
Tinham cabelos dourados
Ou então avermelhados
Ou até mesmo negros
Dependia do gosto do freguês
Que não devia mostrar apego
Pois o seu maior medo
Era perdê-las de vez!
Que lindas bonecas de milho!
Sob a luz do sol brilhavam
Sob a chuva fina choravam
E em meu colo se consolavam!
Assim ficava muito orgulhosa
E aguardava ansiosa
O plantio lá na lavoura
Pois não as tinha o ano inteiro
O remédio era apenas esperar
Caso a seca não viesse atrapalhar
A florada do próximo janeiro!
Me enchia de pó de mico
Me coçava feito bicho
Mas eu nem me incomodava
Quando apanhava de mamãe
Que não media sacrifício
Para meu pai ajudar
E na roça seu suor deixava
Sob escaldante sol do verão
Enquanto eu criança brincava
Nas saias de floridas ameixeiras
Com minhas bonecas brasileiras!
Nunca vistas nem no Japão!

Benvinda Palma

Biguás

Onde eu moro em Londrina
Tem um lago que me anima
Toda manhã a caminhar
Com suas árvores frondosas
Suas plantas generosas
Suas pontes de madeira
Poderia a vida inteira
Ali ficar a contemplar
Pés de eucalipto , pitanga
Tem até um pé de manga
E também maracujá
Tem goiaba , abacate
Para os pássaros se alimentar
Mas o que realmente me encanta
São os barulhentos e alegres biguás
Que nadam coesos, sincronizados!
Mas parecendo talentosos atletas
Cuja meta é a medalha de ouro ganhar!
Seu balé é um clássico, estilizado
No palco de águas calmas
No cenário que a mãe- natureza
Com sabedoria e delicadeza
Arquitetou para eles dançar!
Sem coreógrafo ou direção
Diria com toda convicção
Um clássico de se admirar!
Na orquestra , vejam só!
São os pássaros a cantar
Sob a coordenação e regência!
Do afinadíssimo sabiá!
Interrompo então a caminhada
Esqueço da minha impaciência
Esqueço o frenesi do dia
Que apenas se inicia
E começo a cantar!
Que bom te ver assim feliz
Da vida sou-lhe um aprendiz
Meu querido e lindo biguá!

Biguás

Primavera

Não te enciumes do
Teu amigo outono!
Deus te fez assim
Linda, alegre, colorida
E te colocou em um trono
Tu irás reinar para sempre
E na tua estação,
As flores desabrocharão
Adornando os campos verdes da terra!
Teu aroma se multiplicará, se disseminará
Perfumando os outeiros, morros e serras
Os pássaros, músicos natos, sem certificado
Sem especialização ou doutorado
Far-te-ão um festival do bel canto
Executados do alvorecer ao por do sol
E as borboletas com todo seu encanto
Ao beijar as flores seu balé dançarão
Ao som de suítes e sonatas em si bemol
As cigarras por sua vez , freneticamente cantarão
Um sonoro e melancólico louvor
Para sua parceira romântica seduzir
E assim, todos os amantes adormecidos
Com seus corações enternecidos
Despertarão para a volúpia do amor!

Benvinda Palma

Manhã de Primavera

Manhã de Primavera

Oh! árvore primaveril
Tuas vestes são de gala
O vento impetuoso do outono
Com sua jorrada pouco sutil
Despiu-te com irreverência
deixando-te
desnuda
muda
ressequida
sem vida
com frio
Mas não fiques tristonha
Esperaste por longos dias
Mas agora, que alegria
Estás feliz, risonha!
Chegou a celebrada primavera
E a planta silvestre amarela
Num gesto gentil e solidário
Cobriu-te com flores perfumadas
Para deixar-te cheirosa,agasalhada
Como se fosse um sagrado manto.
Trouxe-te também a música suave
Do nosso querido canário
Virtuose da arte do bel canto
Que em parceria com o sabiá
E também do exímio rouxinol
Com harmonias atrevidas
Cantaram um hino de viva
À nossa Primavera querida
Sob a luz resplandecente do sol!

Benvinda Palma

Alvorada

Alvorada

O dia começa a despertar
Ouço o ruído agitado
E agudo dos pássaros a cantar
Lá fora a chuva fina, fria, fraca
Cai e sulca o solo seco, ressequido,
sedento de águas puras
Os pingos da chuva teimosa
Abençoada, esperada, graciosa
emprestam o ritmo, o compasso à melodia
Que a todos alegrará neste lindo dia!
Este frescor matutino
Me transforma em menino
E a minha inquietude acalma
Abro a janela dos sonhos
Deixo-me levar
Ao sabor do vento
Que toca com acordes lentos
Uma canção de amor
Uma canção do passado
Uma canção de alento!

Benvinda Palma

Pensar

Pensar

Penso neste momento
Jogo tudo ao vento
Penso neste momento
Que pensar é preciso
Um pensar incisivo
Na existência da vida
Na essência de tudo
Pra ativar os neurônios
Pra encontrar solução
Pra agir com razão
Pra sair do marasmo
Pra viver bons momentos
Não perder o entusiasmo
Não jogar ao acaso
Acertar sempre o alvo
E sair são e salvo
Nesta luta do existir!

Benvinda Palma

Inspiração

Pra compor
eu não preciso
De qualquer outra química
Mas o que realmente me anima
É o amor no coração
É de Deus que ele emana
É de lá que sai a rima
De onde vem a inspiração
São palavras bem serenas
Que tratam tão somente, apenas
Das coisas simples da vida
Sem profundas filosofias
Sem conceitos metafísicos
Pois só penso, falo e digo
O que possa trazer alegria!

Benvinda Palma

CANTO PARA TSURU

Sendo eu um passarinho
quis conhecer o teu ninho
e nele me deleitar
Que doçura de palavras
Quanta ternura em teus pensamentos
Quero ficar por muito tempo
Desfrutando de teu calor
Desfrutando da tua hospitalidade
E cantando meu canto de amor
Quem sabe se aqui ficar
Vou aprender com simplicidade
O segredo de como voar!

Canto para Veca

Se você não é poeta
Conta pra mim , Veca
O segredo da doçura,
Da leveza e da candura
De suas composições!

Não quero ser atrevida
Mas apenas ter guarida
Pra poder escrever assim
Nos teus versos eu vou fundo
Esquecendo-me do mundo
Esquecendo-me de mim

Nos teus versos sinto a paz
Não permita Deus jamais
Não poder lê-los um dia
E que em nossos pousos forçados
Sem trem de pouso ou luz
Ele esteja sempre ao nosso lado
Nesta viagem que nos seduz

Então, entre as galáxias e meteoros
Quando outros planetas penetrar
Nossas asas se entrelacem
Para um brinde à luz das estrelas
Canalizar nossas energias
Exaltar nossa alegria
De simplesmente voar!

Benvinda Palma

Voar

Para voar
Como pássaros
É preciso
Audácia
Ousadia
Talento
Perspicácia
Conduzir-se
Pelo vento!
Alar
o pensamento
O espírito
A alma!
Voar
Livre
Leve
Lânguida
Calma!
Sem pane
Sem medo
Sem preconceito
Sem limites
Com direito
A beijar estrelas
Dançar na lua
Pousar nua
Em outros planetas.
Voar como cometas!
Para voar como Anjos
E tocar os céus com poesia
É preciso mais que
Ousadia,
Habilidade
Filosofia
É preciso
Acreditar
E nas asas supersônicas
De nosso Pássaro Maior
Se deixar levar

Margarida

Embriago-me com o aroma
doce da flor
Abelhas , borboletas,
beija-flor
Dançam ao seu redor
roubando-lhe o sabor!

A borboleta toda faceira
Fez da margarida sua esteira
E nela quis se deitar!
O beija-flor enciumado
Ficou logo excitado
Um beijo quis-lhe roubar!

A abelha, por ser a rainha
Num gesto aristocrático e gentil
Dizia não querer sozinha
Todo néctar lhe tirar!

Fizeram então um acerto
Onde todos teriam o direito
De seu deleite provar
Mas, coitada da margarida
Ficou logo entristecida
Por não ter tanta bebida
E começou a chorar!

Suas lágrimas foram tantas
Que todos cairam no pranto
E o jardim se emudeceu!
Mas as lágrimas vertidas
Revigoraram a margarida
E mais néctar lhe nasceu!

Satisfeita em servir a todos
Com justiça e sem predileção
Cada um tem sua cota
O seu néctar nunca se esgota
Não importa a ocasião!

Benvinda Palma

Garça Solitária

Toda manhã nos encontramos ali
As águas plácidas e turvas do lago
Banhadas pelos primeiros raios de sol
O cheiro acre dos cardumes de peixes
Que borbulham, débeis, exasperados
Pelo óleo cru asfixiados, crucificados!
Esgoto fétido, garrafas, detritos ao léu
resíduos de tantos outros poluentes
irresponsavelmente ali lançados
deixam-na só, triste, faminta , fiel!
A brisa leve e fria acaricia meu corpo
Pesado, cálido, cansado, contumaz!
Caminhando, correndo, com pressa,
Devorando o tempo curto, fugaz!
A cada novo dia, Garça solitária
Sua graça, seu glamour, seu encanto,
Suas plumas leves , alvejadas , brancas
Deleitam-me , inspiram-me um novo canto!
Um canto do coração, das entranhas, da alma!
Seus vôos rasantes , breves, serenos
Tranqüilizam meus passos apressados
Sua altivez, seu garbo, sua candura
Transportam meu espírito pra outro lugar!
Etéreo, aonde só os anjos chegam afinal !
Pensamentos elevados me levam a pensar
Deus a fez de maneira muito especial
Com um propósito único sim, singular
Tu trarás contigo o símbolo da PAZ!

Benvinda Palma

Azulão

Amanhece o dia,
alvorada no sertão
E longe....
Ou perto?
Ouço o canto melodioso
Do azulão,

Ah azulão amado!
Não te cansas nunca de cantar?
Alegrando o dia do homem sofrido
Que amiúde desperta contigo
Para o pão de cada dia ganhar!

Tu voas nos céus das matas e florestas
Riachos doces, brejos, sempre a cantar
Voas livre , feliz, mas com um receio
Que o laço do cruel passarinheiro
Venha a liberdade te roubar!

Mesmo trancafiado em um viveiro
Teu canto é sutil, doce, brejeiro
Mesmo com as asas cruelmente cortadas
Teus passos são altivos, faceiros
Para nunca deixar triste tua amada!

Às vezes me ponho a pensar:
Quanto canto de teu instrumento bico
Não ecoou para tirar, extirpar
A indolência, o torpor, a letargia,
A inércia do homem angustiado, aflito!

Oh pássaro encantador!
Tu cantas intermitentemente
Sempre em alto e bom tom
Seja em Sol, Lá ou Si, sem Dó!
Que é pra fazer brotar o amor
No coração dos que estão só!

Teu canto maravilhoso,
Teu canto harmonioso
Teu canto RENOVADOR!
Deixam os céticos , patéticos
Com pelo menos uma convicção
A mãe-natureza teve apenas intenção
Mas quem assina o projeto
É o grande e ilustre arquiteto
Nosso querido e amado SENHOR!

Benvinda Palma

Lembranças

Lembranças
Queria esquecer, deletar ,
Expugnar, vomitar o passado.
Queria afastar aquelas funestas lembranças de
Minha alma aflita.
Queria dormir. Sono profundo. Dos anjos e querubins!
Acordar metamorfoseada.
Um pássaro.
Sair voando,
Sem memória,
Sem ressentimentos,
Sem medos,
Sem perseguições,
Sem dor.
Cantaria uma canção de PAZ
Cantaria uma canção de AMOR
Cantaria uma canção de êxtase
Cantaria minha liberdade!
* Bem-te-vi -Benvinda

Sem asas

Sem asas

Sou um pássaro mutilado
Cortaram-me as asas
Já não posso alçar os céus!
Meu pensamento apenas corre
Mas de que me adianta correr?
Estou cansada, exausta
Quero voar, quero sonhar
Como sonhar se não tenho asas?
Se não posso tocar as estrelas?
Queria poder tocar apenas o
Meu ninho
Nele me aconchegar!
Nele adormecer!
Nele esquecer
as atrocidades humanas!

Benvinda Palma

Canto para o Bem-te-vi

Bem-te-vi
Bem te ouvi... era de manhã
O sol se escondia entre densas nuvens douradas
Sonhava com minha infância
Quantas doces recordações!
Você me acordou com seu canto alegre
Cortou o êxtase das emoções
Trouxe-me a realidade crua, crível, cruel
Trouxe-me a lida , lenta, luta lancinante

A arritmia de meu coração dilacerado,
Violentado, estuprado pela dor
tirou-me a freqüência da alegria
do sabor das coisas simples , da vida bela
Levanto-me aturdida, atônita , abro a janela

E vejo você sorrindo, alegre, saltitante,
Já sei - convidas-me a contemplar
Os raios dourados de sol que aquecem minh’alma!
Bem-te-vi , bem-te-vejo, bem-te-verei
Meu doce e adorado cuco ,
Meu autêntico despertador!
Desperta-me sempre para o amor!

Benvinda Palma