Saturday, January 20, 2007

CHUVA

Chuva

A chuva chegou sorridente,
Molhou devagar minh’alma
Lambuzada de lama, limo
lágrimas lúgubres...
Embolorada pela dor
Lavaram-se os sentimentos
No silêncio da madrugada
Banhada de sonhos serenos
Aguardo sorrisos do sol
Que secam
as seqüelas da solidão.

Bemtevi

FAZ DE CONTA

Faz de conta


Faz de conta...
assim brincava
Na inocência do desejo de menina
Que tem por sofrimento a sina..
Que tem esperança no coração--
Faz de conta que sou uma princesa
que nunca haverá tristeza
Que nunca haverá solidão
que hoje eu sou muito feliz
Pois a felicidade eu mesma fiz
Com pedaços de minha ilusão!

Faz de conta...
que você gosta muito de mim
Que você é meu príncipe encantado
Que você está perdidamente apaixonado
Que você encontrou a tua alma gêmea
Que você encontrou a perfeita fêmea
Que te levará ao supremo gozo
Que engodo!

Faz de conta...
Que nascemos um para o outro
Que seremos um em uma só carne
Que não há quem este amor desarme
Até que a morte enfim, nos separe.
Faz de conta...
E a triste sina persiste...
A felicidade ainda existe
Apenas no desejo do coração!

Bemtevi


DOMINGO Á FRANCESA

Domingo à francesa

Macarrão parisiense
Com muito queijo
E emoção....
Vinho tinto francês
Merlot,
Carnet Sauvignhon
De sobremesa
Mousse de chocolate
Enquanto o Sambinha late
Os sinos na igreja repicam
Repico a cebola e o tomate
E canto
Músicas de Chico,
Da Elis
Porque eu nunca desisto
Da idéia de ser feliz!
Minha vida é colorida
Um arco íris sorrindo
Um botão de Rosa se abrindo
Ao sonhar com aquele moço.
E logo após o almoço,
um delicioso cálice de Cointrau
Só paz aqui no chateau.
O João e a Joyce juntinhos
Parecem dois passarinhos
Alegres, felizes a cantar
E eu, ouvindo a Edith Piaf--
La vie en rose
Para o domingo encerrar assim...
Com chave de ouro
Assisto ao Moulin Rouge
Que lindo !
L’amour definitivamente é carmim!

bemtevi

SONHO

Sonho

Sonhei que vc migrou...
Veio pousar em meu ninho
Ao voar para meus braços
O bem-te-vi me acordou!


Bemtevi

NÃO ME TOQUE

NÃO ME TOQUE

Este teu jeito lacônico
Apático, patagônico...
É próprio para os pingüins
Acredite, não é para mim,
Pássaro intrépido dos trópicos
De sangue assaz caliente
Sedutor como a serpente
Do paraíso ou inferno
Lanço lavras como vulcão
Mas tenho momentos ternos
Momentos de reflexão
Posso com facilidade
Esquecer esta amizade
Que migrou para paixão
É só você dar um toque
Mas por favor não me toque
Posso entrar em erupção!

Bemtevi

INVEJA

INVEJA

Inveja mata
Não morrerei deste mal
Gosto apenas do que conquisto
Não me deixo contaminar
Pelo lixo,
Pelo ranço da vaidade
Nem por toda frivolidade
Que vemos por aí a rolar.
Mas posso morrer de outro mal
Este sim... letal--
Corrói as células da alma
Acaba com toda calma
Estraçalha o coração.
Não ouve nunca a razão
Mas faz a gente sonhar!

Benvinda Palma

Sangue Absíntico

Sangue absíntico

Este sangue absíntico
Que corre
Nas veias do coração
Faz-me amarga...
Amargurada..
Faz-me embriagada
De desilusão.
Quero sorver a saliva
De teus beijos sedentos
De afagos, afeto
Respirar teu hálito quente
Sentir que você se entrega
A mim
Sem pensar em SI...
simplesmente
No deleite eloqüente!

Bemtevi

EPITÁFIO

Epitáfio

Aqui jaz
O pássaro...
Bem-te-vi
Que voou por céus distantes
A cantar a todo instante.
Sem pensar em seu penar.
A poesia foi seu amante
A música o seu alento
Não teve prata nem ouro
Mas os filhos como tesouro
E o amor como sustento!

bemtevi

ADEUS

Adeus

Estou partindo
Nauseada
Empanturrada
De teu desejo
Lacônico
Desprezo crônico,
Das migalhas
De teu amor.
Os sentimentos
sepultei
Os lamentos
Joguei-os ao vento
Chorar não chorei...

bemtevi

Saturday, January 13, 2007

QUANDO EU MORRER


O Dia da Morte; pintura de William-Adolphe Bouguereau (1825-1905)
Quando eu morrer

Quando eu morrer
Não quero lágrimas ou lamento
Quero apenas nesse momento
O sorriso em cada olhar
E se quiserem me homenagear
Acho isto hipocrisia
Pois quando viva não havia
Ninguém a me reverenciar
Mas, não poderei pedir silêncio
Então, meus amigos,
Cantem...
cantem lindas melodias
em todos os gêneros
Com todos os instrumentos
Criem uma bela sinfonia
Do erudito ao punk rock
“Si pá” (influências...), um fox trote
Que é pra “ muvuca” abafar
AO baixar o caixão à terra
(Não quero o frio do concreto)
Façam-no com rapidez
Sejam bastante discretos
Não quero a falsidade
Sei que fui irreverente
Sei que fui intransigente
E haverá ali muita gente
Que só terá vindo pra se mostrar
Não perdôo nem depois da morte
Se viva não tive sorte
Quero tê-la ali então...
Sendo enterrada dignamente
Sem a presença dessa gente
Que só feriu meu coração!
Outra coisa:
não me tragam corbélias de flores.
Se em vida não as recebi com freqüência
Não seria uma incoerência?
Recebê-las assim tão divinamente belas?
Ora, para quem admirá-las,
cheirá-las então?
Os curiosos ali presentes?
Não, não existe pior combinação:
O cheiro horrível do formol, do defunto
Com o aroma adocicado das flores
Embrulhando estômagos, causando dores
Sem que, por etiqueta, por finesse
Possam os hipócritas ali vomitar!
Nossa, esqueci de um detalhe importante:
Peçam aos novos-ricos, esnobes, arrogantes
Que deixem em casa, suas jóias, seus importados
I. Saint Laurent, Rolex, Mercedes, Armani, Chanel
Poderão ser assaltados, é preciso muito cuidado!
E será que, ao morrerem, vão levar isto para o céu?
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Um conselho: deixem para exibi-los em outras ocasiões
Haverá grandes festas, de socialites também arruinados
E, com certeza, eles estarão na lista dos convidados.
Por uma questão de etiqueta, falta de tempo
ou camaradagem
não farão uma triagem
Não verificarão o saldo bancário :
vermelho... mas não de vergonha
Nem a lista em Cartório de Protestos...
Olha, e que esqueçam os seus óculos escuros...
mesmo que o sol esteja uma lua
Quero todos mostrando a cara....deslavada...
Afinal, sei que todos estarão gargalhando....
com a última piada!
Meu último desejo:
Se porventura descobrirem que tenho talento
Pelo amor de Deus, comuniquem-me agora
Depois, definitivamente, já passou da hora!

bemtevi



Friday, January 12, 2007

ABSINTO


ABSINTO

Absorta com teu ab(sinto)
Absorvo-o, com avidez
E sinto!
Queimar em mim
O néctar do prazer!
Absolutamente gaiato
Absurdamente abstrato
Este desejo teu!
Abstraio da alma o sentimento
Que absolutamente é só meu
E que absurdamente tu mentes
Que mesmo à distância tu o sentes
E que a crise de abstinência
Te faz obcecado por mim!
Nem tanto assim...
Nem mesmo o forte ab(sinto)
Te fará me desejares por inteira
Para ser a tua companheira
Para ser a escolhia
A mulher da tua vida.
Esta insegurança,
sim eu sinto
E não sorvi--
Não minto
Um trago do Ab(sinto!)


bemtevi(12/01/2007)

Deserto

Deserto

Caminho só,
perdida
Em um deserto...
Aridez de vida
Ao anseio de
te amar
Por certo virás!

Bemtevi

MUSA

Queria ser a musa de teus versos
Alucinados, inusitados, inversos
Que me fazem viver, querer, sonhar
Mas sou apenas a amiga
Onde você encontra guarida
Para às vezes desabafar
Fico então triste, mortificada
Ao ver os versos à tua amada
Meu coração se põe a chorar --
Lágrimas ensangüentadas de dor
Queria tanto ser teu amor...
Queria tanto poder te amar!
Faço tudo e você nem imagina
Me transformo em menina
Com trajes em purpurina
Para levar luz ao teu olhar
Me transformo em anjo-poeta
Teço a tua poesia secreta
Para o deleite te dar
Me transformo em uma diva
Canto tua música preferida
Só penso em te conquistar!
Mas que estupidez a minha...
Então o amor é mesmo cego,
surdo
Não vê que amar assim
É absurdo
Você nunca vai me ouvir...
Você nunca vai enxergar!

Benvinda Palma



INDIFERENÇA

A tua indiferença crava
Feito espada de dois gumes
Penetra sem piedade
Faz meu coração sangrar
Faz o espírito desfalecer
Faz a alma delirar
E meu corpo te querer...
Mais e mais!

Não sei como te atrair
Se com ternura , com o mel...
Ou se com um pouquinho de fel
Já tentei de tudo um pouco
Mas estou ficando louco!
Nada surtiu efeito
Parece estar tudo desfeito
Preciso o meu coração trair!

Peço a Deus, à Nossa Senhora
Que quando chegar a hora
De novamente te ver
Resista aos desejos insanos
E, sem que haja perdas e danos,
Aprenda a te esquecer!


Benvinda Palma

Thursday, January 11, 2007

HOMENAGEM DE UMA GRANDE POETA E AMIGA - JOANA DARC RIBEIRO

Forja
A Palma da tua mão
É mapa e bússola a guiar
O caminho ao coração
A estrada poética a trilhar
Lê-se no alto, Benvinda!
Um mantra, canto-saudação
aos companheiros da lida
De juntar palavras a emoção
Com tinta e pena a bailar
ao amor dá concretude
E o intangível se põe a forjar!
(Joana D'arc Ribeiro)

Sunday, January 07, 2007

SAUDADES

SAUDADES...

Hoje senti vontade de falar com você
Talvez você nem se lembre de mim...
Tanto tempo já se passou...
Tantos sonhos adormecidos
Levados pelo vento
Hibernados pelo tempo
Trancafiados no pensamento.

Hoje senti vontade de falar com você
Lembra-SE?
Nosso primeiro encontro no vernissage--
Nossa primeira viagem!
Nosso primeiro abraço
Nossos corações aos pedaços...
Nossas confissões...
Nossas emoções...
O vale,
o vinho,
a vida!
Os poemas
Mário Quintana
Os problemas...
A idéia ... meu Deus, profana!
Os desejos à flor da pele
Não me rele
Um reles mortal
pecador
Não resistiria ao calor...
As flores
Não resistiria ao teu aroma
O feromona...
Melhor nos despedirmos.
Amanhã, quem sabe
Criemos coragem .
Boa noite!
Hoje senti vontade de falar com você!

Bemtevi

TEU CHEIRO

TEU CHEIRO

Ainda sinto o teu perfume
O cheiro intenso de tua pele macia
Impregnado em minha alma vazia
E o desejo aflora
Afável
Afobado
Afoito.
Aflita finjo...
faço de conta,
A cabeça tonta
O coração descompassado...
Coisas do passado.
Volto a escrever poemas
Minha vida...um dilema
Pinto o pôr do sol
Sob o plácido horizonte
Arco íris risonho
Viagem...Sonho...
Do prazer a fonte
Perco-me nas palavras
Procuro-te em pensamento
Onde tu te escondes?
Possuis as asas do vento?
O céu vermelho rubro
O fogo do desejo redescubro
Teu aroma acre-adocicado
Uva , pitanga
Sabor do pecado
Desejo alado
Vôo ao teu encontro!

Benvinda Palma


TAI CHI CHI NA CHUVA

Caminho só...
Emudecida.
O lago ao meu lado
Com águas renovadas.
Sigo enternecida.
Biguás dançam sincronizados
Trazem-me o passado.
Olho a garça serena
Que me sorri , me acena
Com uma nova proposta de paz
E me leva a alçar vôos
Planar sonhos...
Ansiar a liberdade!
A brisa me beija a alma
E me traz a calma...
Saboreio os doces pingos da chuva
Que enxugam anseios.
Entrego-me ao silêncio profundo
Às energias cósmicas:
Total sintonia do ser
Espírito voa... plana sobre
alvas nuvens
A vida me saúda...
Tai chi chi na chuva!

Bemtevi