Monday, February 06, 2006

Vaidade Vadia

Ainda menina franzina
A vaidade seduziu meu coração
Amava passar nos lábios batom
Amava colocar sandálias nos pés
Encardidos de barro marrom
Amava usar colares
Amava pintar as unhas
Mas não tinha nada disso não!
Dinheiro curto, desejo ardente
Mamãe não podia me dar presentes
Criatividade tinha de sobra
E a matéria prima era copiosa
Bastava ir ao jardim ou campo
Ali estava a fonte de todo encanto
O batom não era da Revlom
Mas da semente do colorau
O esmalte não era da Natura
Mas de pétalas de malva escura
As sandálias de folhas do lírio branco
Pareciam sandálias egípcias, um encanto
Nem Cleópatra calçou uma tão original!
Os colares, feitos de talos de aipim
Colhidos carinhosamente por mim
Quanta alegria, quanta satisfação!
Tudo fruto da terra, da roça, do coração!
Não eram importados da China, do Paraguai
Mas plantadas por minha mãe e meu pai
Assim eu era feliz, criava minhas fantasias
Protagonizava minhas peças vadias
Que pra mim eram dignas de um Oscar!


Benvinda Palma

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