Monday, February 06, 2006

Canto da Saudade

Longe, bem longe estás agora
Nos braços de Nossa Senhora
Perto, bem perto, agora moras
Tu foste tão cedo, tão abruptamente
Não nos deixaste nem tempo pra despedida
Agora estamos aqui, desolados, sem guarida
Mano-véio, mano novo, por que fostes embora?

Tristes momentos quando partistes
Muita dor, desespero, fé, lamento
Muita reza, muitas promessas,
preces ao vento!
Deus se quer deu-nos um tempo!
Foram quinze dias de agonia, de calvário
Tudo começou na quarta- feira de cinzas
Depois do Carnaval, depois da alegria!
Depois daquela infausta cirurgia
Foram quinze dias na Unidade Intensiva
Foram quinze dias de intensiva luta, batalha
Máquinas frias, glaciais,
roubaram-te as funções vitais
Quantas horas daquela funesta hemodiálise
Quantos exames de sangue para análise?
Quanta expectativa de vida?
Quanta esperança na recuperação?
Quanta negligência, falha humana, decepção!
Foram horas de desespero, de muita aflição
Bactérias assassinas, oportunistas,
Desumanas, insensíveis, golpistas
Devoraram seu corpo fraco, frágil, febril
Sem nos pedir ao menos permissão
Sem o menor pudor
Sem se preocupar com a tua missão
Sem se preocupar com nosso imenso amor!
Sem se preocupar com a tua vida!
Foi erro médico ou culpa da bactéria suicida!

Agora meu afã de te ver
Meu afã de conversar
Meu afã de desabafar
Meu afã de te tocar
Meu afã de simplesmente falar
Meu afã de ouvir tuas risadas
Meu afã de ouvir até suas broncas
Meu afã de ouvir tuas piadas
Meu afã de ouvir tuas rimas
Meu afã de ouvir tua imitação
Tudo se torna em vão!

Oh! quanta saudade!
Que ainda hoje invade
O coração de todos nós
Espero que aí de cima
Você esteja fazendo rimas
Para nossos corações alegrar
Pois seu espírito de menino
Sabia até os momentos tristes
Em alegria transformar!
Benvinda Palma
))§((

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