Friday, August 17, 2007

SOU BICHO DO MATO


Sou bicho do mato

Sou tupiniquim
Bicho do mato
Bisavós pegos a laço
Benzida com ramos de aipim
Curada com fumo de corda,
urina
alecrim
pó de café
e muita fé!
Não havia purpurina
Apenas a lua branca
Fazia meus sonhos de criança brilhar
Minha mãe era uma santa
E cedo me ensinou a rezar
Quando sol se despedia
O vento gentil me trazia
acordes da Ave Maria
E dos sinos na capela a chorar
A noite sorrindo chegava
com estrelas o céu bordava
e enchia de paz o meu lar

Sou bicho do mato
Meu avô era poeta
O meu pai violonista
Em casa não tinha atleta
Mas todos eram artistas
Na arte de ser feliz
Meu pai, lavrava a terra de dia
À noite, lavrava a melodia
E, com acordes ligeiros
de seu plangente violão,
minha mãe acompanhava,
parceira
na arte e na vida
Dona de uma voz de diva
A todos trazia a emoção!

Sou tupiniquim
Sou bicho do mato
Mas posso ser mulher de fino trato
Quando o assunto é o coração!
A poesia é minha vida
É ela quem me dá guarida
Nas horas de solidão!

Sou tupiniquim
Sou bicho do mato
Mas tenho humor de sobra
Quando a pedra incomoda
Faço dela a poesia
E, da vida, uma canção!
Sou bicho mato!!!

Bemtevi

1 comment:

Anonymous said...

Benvinda,

que poesia mais linnnda! Viajei nos seus espaços, nas suas palavras, no rosto de sua mãe, nas mãos de seu pai(trabalhando na lavoura, acariciando o violão)... Veio tanta imagem bonita, que me deu vontade de ouvir a canção que vocês cantavam!

Linda, linda, linda!

*

Que refúgio tão rico, o seu!


Beijos de paixão por suas letras tão lindas, tão fortes, tão vivas!

Flávia Trigo*